O Fim Iminente

Praticamente tão inesperado como os próprios dinossauros é o facto de todos terem desaparecido num curto espaço de tempo. A fim de conseguir entender este fenómeno, temos de nos inserir no contexto. A extinção faz parte integrante da evolução: todas as criaturas acabam eventualmente por morrer. Mais de 90 por cento de todos os organismos que alguma vez habitaram a Terra encontram-se extintos; se assim não fosse, não haveria espaço para novas espécies.


Mas a extinção não se dá a um ritmo uniforme. Aparentemente, ocorrem períodos calmos na história da vida, manchados por extinções maciças pontuais. Nos últimos 550 milhões de anos ocorreram cinco grandes extinções, nas quais sucumbiram 50 por cento das espécies animais. A mais significativa deu-se no final da Era Permiana, antes dos dinossauros terem evoluído, e varreu 95 por cento da vida do planeta. A mais recente ocorreu há 65 milhões de anos e atraiu mais atenções do que todas as outras: foi o fim dos dinossauros.

Expuseram-se mais de 80 teorias para explicar o desaparecimento dos dinossauros. Estas hipóteses incluem pragas, de predação dos ovos por mamíferos, senilidade racial, ataque de extraterrestres e muitas outras. Mas qualquer das teorias propostas tem de explicar um estranho padrão de extinção. Enquanto os dinossauros foram severamente afectados, animais como lagartos, tubarões, marsupiais, uma vasta gama de animais marinhos, restantes animais mamíferos, crocodilos, rãs, tartarugas e salamandras sobreviveram relativamente incólumes.

Um dos problemas enfrentados pela actual análise da extinção consiste no facto dos dados serem avaliados em função das condições no Oeste dos Estados Unidos. A maior parte do trabalho mais perfeito e mais pormenorizado foi realizado em locais como a Formação de Hell Creek, que constituiu uma luxuriante planície costeira durante o Cretácico. Pensa-se que esta região terá estado sujeita a uma série de tensões, à semelhança do que aconteceu no deserto interior da China, mas não existem dados comparativos.

A pesquisa nesta área revelou, no mínimo, três forças influentes no final do Cretácico, que tornaram a vida bastante difícil à maioria dos organismos. A cratera situada no Golfo do México, bem como a camada de irídio, um mineral raro que cobre todo o planeta, sugerem a colisão com um asteróide ou comenta medindo cerca de 10 quilómetros de diâmetro, aproximadamente nesta era. As consequências de tal impacte incluíram chuvas muito ácidas, incêndios em várias regiões do globo e, devido à camada de detritos espalhados na atmosfera que bloquearia a luz do Sol, um longo "Inverno de Impacte". Durante centenas de milhar de anos, paralelamente a todo este acontecimento, a aproximação da Índia da placa continental asiática produziu uma actividade vulcânica maciça e contínua. Actualmente conhecida como Deccan Traps, esta actividade gerou uma enxurruada de basalto suficiente para cobrir uma área com o tamanho do Alasca e do Texas juntos com uma camada de lava de 1 quilómetro de espessura. Isto poderá ter originado um arrefecimento global, e entre os vários venenos expelidos para a atmosfera contar-se-ia o selénio, particularmente tóxico para os embriões em desenvolvimento dentro dos ovos. Finalmente, deu-se uma queda significativa do nível do mar e um aumento de 25 por cento da área terrestre - o equivalente ao Continente Africano. Este aumento ocorreu À custa dos mares epicontinentais, podendo muito bem ter causado a dispersão das populações animais.

Nenhuma teoria do fim do mundo contempla todos os aspectos do problema, mas como sabemos que estes fenómenos ocorreram ao mesmo tempo, é possível que tenham contribuído para a destruição em massa. Na verdade, somando todos os factores, é de admirar que ainda houvesse sobreviventes.

- CONCLUSÃO DO ESPAÇO